A obesidade é uma condição complexa que resulta de vários fatores fisiológicos, ambientais e comportamentais, que contribuem para um balanço energético positivo. Entre esses fatores, as bebidas açucaradas surgiram como um importante fator de risco, com um corpo robusto de evidências ligando-as ao ganho de peso, risco de DM2 e doenças cardiovasculares (DCV).
As bebidas adoçadas com açúcar são consumidas em escala global, com níveis de ingestão acima dos limites diários recomendados para açúcar livre em muitos países de alta renda e em ascensão em países de baixa e média renda. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de refrigerantes e de bebidas não alcoólicas (ABIR), o Brasil é o terceiro país de maior consumo de bebidas não alcoólicas do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China.
Os principais mecanismos biológicos que ligam as bebidas açucaradas ao ganho de peso incluem a diminuição da saciedade quando comparada ao consumo de alimentos sólidos, além de uma redução compensatória incompleta na ingestão de energia. Algumas evidências também foram fornecidas por um número limitado de estudos em adultos saudáveis, mostrando que o consumo isocalórico de açúcares líquidos leva a uma maior ingestão energética e ganho de peso do que o consumo de alimentos sólidos.
Neste mês de julho, o Departamento de Nutrição da Abeso publicou um Posicionamento sobre o Tratamento Nutricional do Sobrepeso e da Obesidade, que inclui recomendações a respeito do consumo de bebidas adoçadas e sucos de frutas (produto que apresenta 100% de polpa de fruta na sua composição). Veja abaixo alguns pontos de destaque da publicação:
- As bebidas adoçadas representam umas das principais fontes de açúcar na dieta e incluem refrigerantes, bebidas não carbonatadas, sucos de frutas, chás e bebidas esportivas;
- Os sucos nem sempre proporcionam os mesmos benefícios da fruta inteira, que é uma importante fonte de fibras e outros nutrientes essenciais;
- As bebidas adoçadas ou mesmo suco de frutas não adoçados contribuem com aumento do consumo calórico e de peso corporal, além de contribuir com aumento de fatores de risco cardiovascular;
- O consumo de sucos deve ser desestimulado, mesmo não adoçados, para a prevenção e tratamento da obesidade.