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Estudo PROMINENT: o frustrante efeito do fibrato sobre o risco cardiovascular

Escrito por Erik Trovao

Nas últimas décadas, diversos estudos têm falhado em demonstrar benefício da redução dos triglicerídeos (TG) no risco cardiovascular. Embora a hipertrigliceridemia residual tenha sido associada a aumento do risco cardiovascular, drogas hipolipemiantes, como o fenofibrato e a niacina, não têm se mostrado efetivas em reduzir os eventos cardiovasculares, a despeito da eficaz redução dos níveis de triglicerídeos.

No entanto, algumas análises de subgrupos em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), como a realizada no estudo ACCORD, têm sugerido um potencial benefício cardiovascular do fenofibrato nos indivíduos com hipertrigliceridemia (TG > 200) associada à redução dos níveis de HDL-colesterol (HDL-c).

Com o objetivo de testar esta hipótese, foi publicado recentemente no The New England Journal of Medicine os resultados do estudo PROMINENT. Um total de 10497 indivíduos com DM2 (66,9% deles com doença cardiovascular prévia) foram randomizados para receber placebo ou pemafibrato (na dose de 0,2mg 2 vezes ao dia).

Esta droga é um agonista seletivo e potente do PPAR-alfa com maior efeito redutor sobre o TG quando comparado ao fenofibrato. Disponível no Japão, a droga não é comercializada na América do Norte, na Europa nem no Brasil.

Os indivíduos incluídos no estudo tinham: hipertrigliceridemia leve à moderada (variando de 200 a 499 mg/dl); níveis de HDL-c baixos (de 40 mg/dl ou menos); e níveis de LDL-c abaixo de 100 mg/dl (em uso ou não de terapia estatínica).

O desfecho primário foi o desfecho composto de infarto do miocárdio não-fatal, acidente vascular isquêmico, revascularização miocárdica ou morte.

Após 3,4 anos de seguimento, o estudo foi interrompido por futilidade, uma vez que não houve diferença significativa entre os dois grupos em relação ao desfecho primário, mesmo o grupo de pacientes tratados com o pemafibrato tendo apresentado maiores reduções nos níveis de TG (-26,2%).

O frustrante resultado do estudo PROMINENT parece jogar um balde de água fria na esperança de que os fibratos poderiam ter algum benefício adicional no risco cardiovascular de indivíduos com DM2 que, a despeito do controle do LDL-c, ainda permaneciam com hipertrigliceridemia residual e HDL-c baixo.



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Sobre o autor

Erik Trovao

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