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Atualização Semanal Diabetes Obesidade

E agora, devo parar de consumir adoçantes?

Escrito por Luciano Albuquerque

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente uma nova diretriz que recomenda contra o uso de adoçantes para redução do peso corporal ou reduzir o risco de doenças não transmissíveis.

A recomendação é baseada nos resultados de uma revisão sistemática que sugere que o uso dos adoçantes não confere nenhum benefício a longo prazo na redução do peso e da gordura corporal em adultos ou crianças. Os resultados da revisão também sugerem que pode haver efeitos indesejáveis ​​potenciais do uso prolongado de adoçantes, como um risco aumentado de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.

O estudo, contudo, apresenta uma série de limitações. A grande maioria dos dados são derivados de coortes populacionais, sem randomização, sujeitos aos mais diversos confundidores. O maior uso de adoçantes poderia estar associado a maior IMC inicial (mais pacientes no grupo de maior uso tentaram perder peso durante o estudo, por exemplo). Ensaios controlados randomizados não avaliaram diretamente o impacto dos adoçantes artificiais em desfechos rígidos, como risco de DCV. Dados prospectivos permanecem limitados e o nível de evidência para essas associações ainda é considerado baixo.

O documento reforça que a relação nas evidências estudadas pode ser confundida pelas características basais dos participantes dos estudos. A recomendação foi avaliada como condicional, indicando que decisões políticas baseadas nessa recomendação podem exigir discussões substanciais em contextos específicos de países, vinculadas, por exemplo, à extensão do consumo em diferentes faixas etárias. A recomendação também não é extensiva aos pacientes com diabetes, onde o consumo adicional de açucares é proibitivo.

Os efeitos nocivos do consumo excessivo de açúcares em diversos desfechos, incluindo distúrbios cardiometabólicos, já foram amplamente estudados, sendo reconhecidos como fatores de risco pelas autoridades de saúde pública. Particularmente, a OMS recomenda que menos de 5% do consumo calórico diário deve ser proveniente de açúcar livre. Os adoçantes artificiais surgiram como uma alternativa, permitindo que o sabor fosse reproduzido sem o uso de açúcar, reduzindo o total calórico diário. Tal intervenção porém, não se mostra efetiva. A recomendação recai sobre considerar outras maneiras de reduzir a ingestão de açúcares livres, como consumir alimentos com açúcares naturais, como frutas, ou alimentos e bebidas sem açúcar. Hábitos saudáveis e a pratica de exercícios físicos são outras medidas efetivas na busca de melhor qualidade de vida.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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