A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente uma nova diretriz que recomenda contra o uso de adoçantes para redução do peso corporal ou reduzir o risco de doenças não transmissíveis.
A recomendação é baseada nos resultados de uma revisão sistemática que sugere que o uso dos adoçantes não confere nenhum benefício a longo prazo na redução do peso e da gordura corporal em adultos ou crianças. Os resultados da revisão também sugerem que pode haver efeitos indesejáveis potenciais do uso prolongado de adoçantes, como um risco aumentado de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.
O estudo, contudo, apresenta uma série de limitações. A grande maioria dos dados são derivados de coortes populacionais, sem randomização, sujeitos aos mais diversos confundidores. O maior uso de adoçantes poderia estar associado a maior IMC inicial (mais pacientes no grupo de maior uso tentaram perder peso durante o estudo, por exemplo). Ensaios controlados randomizados não avaliaram diretamente o impacto dos adoçantes artificiais em desfechos rígidos, como risco de DCV. Dados prospectivos permanecem limitados e o nível de evidência para essas associações ainda é considerado baixo.
O documento reforça que a relação nas evidências estudadas pode ser confundida pelas características basais dos participantes dos estudos. A recomendação foi avaliada como condicional, indicando que decisões políticas baseadas nessa recomendação podem exigir discussões substanciais em contextos específicos de países, vinculadas, por exemplo, à extensão do consumo em diferentes faixas etárias. A recomendação também não é extensiva aos pacientes com diabetes, onde o consumo adicional de açucares é proibitivo.
Os efeitos nocivos do consumo excessivo de açúcares em diversos desfechos, incluindo distúrbios cardiometabólicos, já foram amplamente estudados, sendo reconhecidos como fatores de risco pelas autoridades de saúde pública. Particularmente, a OMS recomenda que menos de 5% do consumo calórico diário deve ser proveniente de açúcar livre. Os adoçantes artificiais surgiram como uma alternativa, permitindo que o sabor fosse reproduzido sem o uso de açúcar, reduzindo o total calórico diário. Tal intervenção porém, não se mostra efetiva. A recomendação recai sobre considerar outras maneiras de reduzir a ingestão de açúcares livres, como consumir alimentos com açúcares naturais, como frutas, ou alimentos e bebidas sem açúcar. Hábitos saudáveis e a pratica de exercícios físicos são outras medidas efetivas na busca de melhor qualidade de vida.