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Diabetes Manchetes

Semaglutida no Diabetes tipo 1?

Escrito por Luciano Albuquerque

O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é caracterizado pela destruição auto-imune das células beta do pâncreas, produtoras de insulina. À época do diagnóstico, a maioria dos pacientes ainda tem uma reserva de células beta funcionante. Enquanto em parte dos pacientes essa reserva pode sustentar um período funcional, até com normoglicemia, em outros essa reserva cai rapidamente, impondo a insulinoterapia intensiva como única alternativa.

Diversos grupos têm trabalhado na busca de intervenções que prolonguem a funcionalidade das células beta nesses pacientes. Entre os imunomoduladores estudados, apenas o teplizumabe foi recentemente aprovado para uso no diabetes tipo 1 em estágio 2. Estudos com o verapamil, um bloqueador de canal de cálcio, também apontaram benefícios. Agora, a nossa querida semaglutida também aparece nessa lista, com dados ainda bastante iniciais.

Em estudo publicado na NEJM, pesquisadores americanos mostraram dados de 10 pacientes, com idades entre 21 e 39 anos, que iniciaram o tratamento com semaglutida dentro de 3 meses após o diagnóstico de diabetes tipo 1. Ao diagnóstico, todos apresentavam anticorpos positivos, com HbA1c média de 11,7±2,1% e peptídeo C de 0,65±0,33 ng/ml. A semaglutida foi adicionada ao tratamento com insulina basal bolus padrão e orientado ajuste alimentar com restrição de carboidratos. Em três meses de acompanhamento, a insulina prandial foi retirada em todos os pacientes e em 6 meses a insulina basal foi suspensa em 7 dos 10 pacientes. Ao final do seguimento de 12 meses, não houve necessidade de reinício da insulinoterapia, o nível médio de hemoglobina glicada caiu para 5,7±0,4%, com tempo no alvo de 89±3% de acordo com o monitoramento contínuo da glicose. O nível de peptídeo C em jejum aumentou em todos os pacientes para uma média de 1,05±0,40 ng/ml.

Devemos reforçar que são dados iniciais de um estudo aberto, sem grupo controle, envolvendo pacientes que iniciaram o DM1 em faixa etária acima da habitual (provável LADA). Apesar disso, tais observações apoiam a realização de ensaios clínicos prospectivos e randomizados com um número maior de pacientes para investigar mais detalhadamente o papel da semaglutida em pacientes com DM1 em estágio inicial.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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