É senso comum que a reposição de testosterona em homens com hipogonadismo melhora um dos principais sintomas associados à deficiência de testosterona: a disfunção sexual, caracterizada, em especial, pela redução da libido e a disfunção erétil. No entanto, até o momento, foram poucos os ensaios clínicos randomizados que avaliaram este efeito a longo prazo, sendo que nenhum fez esta análise por mais de 12 meses.
Neste contexto, o grupo de pesquisadores responsáveis pelo TRAVERSE desenhou o TRAVERSE Sexual Function Study, um braço do trial principal que avaliou o efeito da terapia de reposição de testosterona (TRT) nos sintomas de hipogonadismo, utilizando questionários validados, assim como a persistência deste efeito além de 1 ano de tratamento.
Dos 5204 homens com hipogonadismo incluídos no TRAVERSE trial, 1161 foram selecionados para participar do Sexual Function Study, sendo randomizados para testosterona em gel ou placebo. O desfecho primário foi a mudança na atividade sexual em relação ao basal. Os desfechos secundários foram as mudanças em relação aos sintomas de hipogonadismo em conjunto (sexual, energia, sono, cognição e humor), à libido isolada e à disfunção erétil.
Em relação ao desfecho primário, houve melhora significativa da atividade sexual entre os pacientes em TRT, efeito que persistiu mesmo após 2 anos de seguimento. Também houve melhora nos sintomas de hipogonadismo. A libido melhorou significativamente tanto com 12 como com 24 meses de seguimento.
No entanto, em relação à função erétil, não houve diferença significativa entre o grupo em reposição de testosterona e o placebo. Neste aspecto, duas análises pos-hoc foram realizadas: uma excluiu os pacientes em uso de inibidor de fosfodiesterase e continuou não mostrando diferença entre os grupos; a outra dividiu os pacientes em tratamento com testosterona de acordo com os níveis de testosterona atingidos (<450 ng/dl versus 450 ng/dl), mas nenhuma diferença na função erétil foi encontrada.
Em resumo, este novo braço do TRAVERSE mostrou que, em homens com hipogonadismo, a TRT melhorou atividade sexual e a libido, mantendo estes efeitos com 2 anos, mas não teve efeito positivo sobre a disfunção erétil.