A dieta do mediterrâneo é apontada como um padrão alimentar saudável, sendo escolhida pelos mais variados veículos como “a melhor escolha”. Com ênfase em frutas, vegetais, castanhas, peixes e azeite de oliva, a dieta ganhou destaque a partir da observação de que populações da região mediterrânea tinham menor incidência de doenças cardiovasculares e neoplasias, além da maior longevidade, quando comparados a maioria das populações ocidentais. No estudo PREDIMED, a dieta Mediterrânea suplementada com óleo de oliva ou “nuts” alcançou redução relativa de 30% nos eventos cardiovasculares, após quase 5 anos de seguimento. Metanálise recente analisando 41 estudos, confirmou a proteção.
Novos benefícios não param de surgir. Estudo prospectivo, multicêntrico, publicado recentemente no JAMA apontou benefícios da dieta do mediterrâneo em gestantes. Envolvendo 7.798 mulheres, o estudo apontou redução de 21% em qualquer desfecho adverso relacionado a gestação entre as mulheres com maior concordância com um padrão de dieta mediterrânea, com evidência de dose-resposta (maior concordância – maior benefício). Observou-se ainda redução de pré-eclâmpsia em 28% e de diabetes gestacional em 37%. Não houve diferenças por raça, etnia e IMC prévio, mas as associações foram mais fortes entre as mulheres mais velhas.
Os achados são consistentes com outros estudos anteriores, que apontaram que a qualidade da dieta mais favorável na época da concepção e ao longo da gravidez está associada a um menor risco de desfechos adversos. Algumas limitações devem ser destacadas como a característica observacional do estudo, que permite concluir associação, mas não causalidade, além do emprego de questionários para definir o padrão de dieta, criando a dependência da capacidade recordatória das pacientes.
Dieta saudável e atividade física regular figuram entre os principais determinantes de saúde na população adulta. De acordo com diversas entidades, a definição de dieta saudável inclui o aumento do consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, laticínios desnatados ou com baixo teor de gordura e proteínas magras. Determinantes sociais como insegurança alimentar, moradia, transporte, emprego e educação não podem ser negligenciados. A alimentação adequada é fundamental para a saúde da gestante e do bebê, que na vida fetal depende do cordão umbilical para receber nutrientes. A dieta do mediterrâneo vem estender ainda mais seus benefícios, reforçando tal importância.