Medidas de estilo de vida, incluindo controle do peso, alimentação saudável e implementação de atividade física são recomendadas durante todas as fases do tratamento do diabetes. Diversos guidelines tem feito recomendações sobre o papel da dieta e atividade física no tratamento do diabetes. Para a implementação rotineira na sua prática ambulatorial, recomendamos a atual diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Dieta
Pessoas com diabetes que apresentem sobrepeso ou obesidade devem ser estimulados a perda de peso. A redução de 5% do peso corporal inicial já pode ser suficiente para melhora do controle glicêmico. Entretanto, perdas de 10 a 15% têm melhores resultados.
Nenhuma abordagem específica se mostrou superior nessa população. De uma forma geral, é recomendada uma dieta balanceada, com restrição de carboidratos simples ou refinados de rápida absorção. A redução quantitativa de carboidratos, com a preferência por carboidratos complexos, com menor do índice glicêmico, além do consumo de o uso de fibras dietéticas (25g/dia) são recomendações sugeridas.
Em pesssoas com função renal preservada, é recomendado o consumo de proteínas entre 15 a 20% do valor energético total diário, podendo variar entre 1 a 1,5g/kg/dia.
Em relação à ingestão de gorduras, devemos priorizar o uso de ácidos graxos mono e poliinsaturados por estarem associados à menor incidência de doenças cardiovasculares, porém limitando o consumo calórico.
A utilização de fórmulas e suplementos nutricionais especializados para diabetes (oral ou enteral) pode ser considerada como adjuvantes para controle do peso e da glicemia. Programas estruturados, incluindo grupos de mudança de estilo de vida e educação nutricional, além do acompanhamento individualizado com nutricionista também são recomendados.
Atividade Física
A atividade física deve ser incentivada como parte do tratamento do diabetes. É recomendado um mínimo de 150 minutos de exercício aeróbico de moderada ou vigorosa intensidade, combinado com 2 ou 3 sessões de treinamento resistido, semanalmente. Para os idosos recomenda-se ainda exercícios de equilíbrio e flexibilidade. Não deve haver mais do que dois dias consecutivos sem exercício físico, para melhor aptidão física e controle do IMC. As pessoas com diabetes devem receber orientação de exercício físico por escrito, de modo a melhorar o entendimento e a adesão.
Antes da prescrição da atividade física, é necessária a avaliação do risco cardiovascular, de acordo com a tabela de estratificação de risco da SBD, porém sem indicação rotineira de exames complementares. Casos classificados como alto ou muito alto risco devem ser rastreadas inicialmente com eletrocardiograma de repouso. Exames adicionais podem ser solicitados, dependendo da análise individual de cada caso.
Em pessoas com DM1, é recomendado o monitoramento da glicose antes, durante e após o exercício físico, para minimizar a variação da glicemia e o risco de hipoglicemia.
Concluindo, devemos lembrar que essas recomendações devem ser implantadas desde o período do prediabetes. Intervenções eficazes podem garantir a manutenção de melhor controle glicêmico e redução de complicações micro e macrovasculares no seguimento de longo prazo desses indivíduos.