O tratamento do hipertireoidismo em pacientes com Doença de Graves pode envolver 3 possibilidades: anti-tireoidianos de síntese, radioiodoterapia e tireoidectomia. Quando se opta pela terapia medicamentosa, a tionamida de escolha é o metimazol, ficando o propiltiouracil limitado ao primeiro trimestre da gestação e à crise tireotóxica. Mas, em pacientes em uso de metimazol, uma das dúvidas mais frequentes com a qual os deparamos é: por quanto tempo manter a droga?
Para responder a esta pergunta, precisamos lembrar que, mesmo naqueles pacientes que atingem remissão do hipertireoidismo com o tratamento medicamentoso, ainda persiste o risco de recidiva futura. Este risco é maior quando o metimazol é mantido por menos de 12 meses e quando os níveis circulantes de TRAb (anticorpo anti-receptor do TSH) ainda são positivos.
Em pacientes que fizeram uso de metimazol por 12 a 18 meses e entraram em remissão, 30 a 50% continuarão em eutireoidismo após 1 ano da suspensão da droga, caso os níveis de TRAb tiverem sido negativos no momento da descontinuação. Esta taxa cai para menos de 20% quando o TRAb permanece positivo.
Desta forma, é razoável que, após o início do metimazol, seja estabelecido um tempo de uso de, no mínimo, 12 a 18 meses para, só então, avaliar a possibilidade de suspensão da tionamida. E quais seriam os critérios para esta suspensão? O eutireoidismo associado ao resultado negativo do TRAb sérico.
Portanto, nos casos em que o TRAb permanece positivo, devemos manter o tratamento com a tionamida, especialmente se o paciente estiver eutireoideo em vigência de baixas doses de metimazol (5 a 10mg/dia). Caso o paciente esteja ainda em hipertireoidismo e/ou em uso de doses altas de metimazol, deve-se considerar a troca do tratamento para radioiodoterapia.
Mas é seguro manter o metimazol por tempo prolongado? As evidências sugerem que sim, especialmente em doses baixa, de forma que a droga pode ser mantida por muitos anos caso seja preciso. Como exemplo, estudo publicado em 2021, demonstrou que o uso de metimazol em baixas doses por até 24 anos foi seguro e eficaz em evitar recidiva da doença.
Obviamente, se for optado por manutenção do metimazol, o TRAb deve continuar sendo dosado, de preferência anualmente, optando-se pela suspensão da terapia caso ele negative. Afinal, quanto maior for o tempo de tratamento maior será a chance de o TRAb negativar e a doença de Graves entrar em remissão.
Sendo assim, podemos concluir que não há um tempo limite para o tratamento com o metimazol na Doença de Graves, mas a interrupção da droga deve ser considerada quando, após 12 a 18 meses de tratamento, o TRAb se encontra negativo.