A obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento de diversas condições metabólicas como diabetes, doença cardiovascular e morte prematura. A obesidade está relacionada ao desbalanço de adipocinas, com resistência insulínica e instalação de um estado inflamatório crônico. Ajuste na dieta e a prática de exercícios físicos são pontos fundamentais na reversão dessas condições. Mas afinal, existe um melhor horário para praticar exercícios?
Obesidade e diabetes são condições associadas a variações no ritmo circadiano em diversos processos metabólicos. O ajuste do horário da atividade física, buscando adequação a variações na disponibilidade metabólica e de resistência insulínica, poderia levar a maiores ganhos em objetivos específicos. Estudos anteriores já demonstraram que em mulheres, o exercício matinal (das 6 às 8 da manhã) levou a maior redução de gordura abdominal e pressão arterial, enquanto o exercício noturno (18:30 às 20:30) melhorou o desempenho muscular. Nos homens, o exercício noturno aumentou a oxidação da gordura e reduziu a PA sistólica e a fadiga, porém sem os impactos na composição corporal observados nas mulheres.
Estudo recentemente publicado na Diabetes Care, apontou vantagens para o exercício a noite, pelo menos entre os indivíduos com obesidade. Os dados foram retirados de um estudo inglês com o uso de acelerômetros. A amostra incluiu 29.836 adultos com IMC ≥ 30kg/m2, com idade média de 62,2 anos. A prática de exercícios em qualquer horário levou a redução do risco de eventos, porém o grupo que se exercitava a noite apresentou maior redução do risco de morte (HR 0,39; IC 95% 0,27; 0,55), de incidência de doença cardiovascular (HR 0,64; IC 95% 0,54; 0,75) e microvascular (HR 0,76; IC 95% 0,63; 0,92). Os resultados foram semelhantes independentemente da presença de diabetes.
Devemos reconhecer algumas imitações. Trata-se de um estudo de coorte observacional aberto, não randomizado. Dados anteriores demonstravam que o horário do exercício teria pouca influência no rendimento aeróbico, enquanto as atividades resistidas seriam favorecidas quando realizadas no período da tarde ou noite. Fatores metabólicos, hormonais e neuromusculares provavelmente contribuem para a variação diurna na força muscular e na utilização de substrato energético. Os autores reforçam a importância da atividade física independente do horário, porém apontam perspectiva na direção de vantagens do exercício à noite.
