A obesidade é uma condição crônica, que vem atingindo frequências cada vez mais elevadas, firmando-se como um problema de saúde pública. Nos últimos anos, o conhecimento progressivo sobre peptídeos do sistema digestivo tem revolucionado o tratamento da obesidade. Depois dos resultados iniciais da liraglutida, tivemos no último ano a aprovação da semaglutida, outro agonista duplo, dessa vez de uso semanal, e da tirzepatida, um co-agonista GLP1-GIP que atingiu resultados ainda mais impressionantes na redução do peso corporal. E os benefícios vão além, no recente estudo SELECT, foi observada redução de 20% no risco de desfechos cardiovasculares em indivíduos com obesidade tratados com semaglutida.
Nesse contexto, novidades são sempre benvindas. Recente estudo publicado na revista Nature, apresentou os resultados do maridebart cafraglutide (MariTide), um agonista de GLP1 associado a um anticorpo monoclonal anti- GIP, dessa vez em uso mensal! Após apenas 3 aplicações, na sua dose mais elevada, os participantes alcançaram redução de 14,5% do peso corporal. Após 150 dias da ultima dose, os participantes mantiveram uma redução de 11,2% em relação ao peso inicial. Trata-se do melhor resultado observado em um estudo pré-clínico (fase1). Como nos estudos anteriores, os efeitos adversos gastrointestinais foram os mais comuns.
Algumas questões foram levantadas, como anticorpo monoclonal, a molécula não ultrapassa a barreira hemato-encefálica, confrontando a ideia da maior importância da ação hipotalâmica observada com os agentes anteriormente estudados. De fato, as ações relacionadas ao GIP não foram completamente esclarecidas, mesmo para a tirzepatida. Por fim, trata-se ainda de um estudo fase 1, com amostra (49 pacientes) e tempo de tratamento limitados. O estudo fase 2 já este em andamento e a empresa responsável espera apresentar os resultados ainda em 2024. Aguardemos mais novidades.