Os seres humanos exibem variações hormonais fisiológicas ao longo do dia, tendo hábitos predominantemente diurnos. Padrões alimentares e de prática das atividades em geral acompanham tal ritmo circadiano, sendo objeto de vários estudos o padrão de resposta clínica de acordo com a distribuição horária desses fatores. O momento do exercício continua a ser uma questão controversa, com alguns pesquisadores favorecendo o exercício matinal para melhorar as adaptações musculares e a utilização de combustível enquanto, outros mostraram que o exercício à tarde/noite é mais favorável para melhorar a função muscular. Fatores como o nível de treinamento e o aporte nutricional adequado para o objetivo almejado certamente poderiam influenciar os achados, demonstrando a complexidade do tema e as dificuldades na execução de um estudo buscando responder ao questionamento sobre o impacto do horário no resultado do exercício físico.
Buscando novas informações sobre o tema, foi recentemente publicado um artigo na revista Frontiers in Phisiology. Os autores recrutaram 56 participantes, considerados fisicamente ativos, e os submeteram a uma rotina de exercícios programados pelo horário durante 12 semanas. Nas mulheres, o exercício matinal (das 6 às 8 da manhã) levou a maior redução de gordura abdominal e pressão arterial, enquanto o exercício noturno (18:30 às 20:30) melhorou o desempenho muscular. Nos homens, o exercício noturno aumentou a oxidação da gordura e reduziu a PA sistólica e a fadiga, porém sem os impactos na composição corporal observados nas mulheres. O padrão alimentar em relação a distribuição de macronutrientes e total de calorias não diferiu entre os grupos.
Dados anteriores demonstravam que o horário do exercício teria pouca influência no rendimento aeróbico, enquanto as atividades resistidas seriam favorecidas quando realizadas no período da tarde ou noite. No estudo citado, as diferenças observadas foram mais evidentes entre as mulheres, principalmente no treinamento resistido. Apesar de alguns parâmetros bioquímicos terem um padrão cronobiológico que pode parecer desvantajoso (por exemplo, aumento do estresse oxidativo, inflamação, etc.), outros podem ser benéficos, como aumento da temperatura central e do lactato circulante, que podem atuar para aumentar velocidade de condução nervosa, taxa metabólica e aumentar a capacidade bioenergética.
Coletivamente, fatores metabólicos, hormonais e neuromusculares provavelmente contribuem para a variação diurna na força muscular e na utilização de substrato energético para o exercício, abrindo perspectivas para novos estudos sobre o tema. Dessa forma, os autores concluem que o impacto do horário pode ser importante para otimizar os resultados induzidos pelo exercício em indivíduos fisicamente ativos, principalmente entre as mulheres. De nossa parte, fica a dica: independentemente do horário, atividade física é fundamental.