O uso crônico de glicocoticoide corresponde à principal causa secundária de osteoporose, sendo, portanto, uma importante causa de fraturas de fragilidade. Todo paciente em corticoterapia deve, portanto, ter o risco de fratura avaliado, prevenir a perda de massa óssea com a suplementação de cálcio e vitamina D e realizar, caso necessário, densitometria óssea e exames de imagem para avaliação de fratura vertebral (Rx simples ou VFA).
Diante do diagnóstico de osteoporose induzida por glicocorticoide (OIG), deve-se decidir sobre o início de terapia anti-osteoporose. Até o momento, as seguintes classes foram estudadas em pacientes com OIG e, devido aos benefícios demonstrados, foram aprovadas para o tratamento desta condição: bisfosfonatos (alendronato, risedronato e ácido zoledrônico), teriparatida e denosumabe.
Mas e o romosozumabe? A mais nova droga disponível para o tratamento da osteoporose poderia ser usada na OIG? Considerando o excelente efeito desta medicação em melhorar a massa óssea e reduzir o risco de fraturas, especialmente em pacientes de muito alto risco, poderíamos acreditar que sim.
No entanto, o maior limitante para se indicar o romosozumabe para este fim é a ausência de estudos até o momento com a droga nesta população específica. Não há, ainda, evidências que demonstrem benefício do inibidor da esclerostina sobre o risco de fraturas em pacientes com OIG.
Tanto que a publicação da SBEM em conjunto com a ABRASSO sobre a definição de muito alto risco de fratura, no segundo semestre de 2022, orientou que, diante do diagnóstico de OIG, deve-se optar pelo teriparatida na hora de iniciar uma terapia anabólica. Mas será que isto está para mudar?
Agora, no início de junho de 2023, tivemos a apresentação de um estudo chinês, no encontro anual do European Alliance of Associations for Reumathology (EULAR), que comparou romosozumabe com denosumabe em pacientes com OIG, demonstrando superioridade do primeiro em aumentar a densidade mineral óssea (DMO) na coluna lombar.
O estudo foi randomizado, porém aberto, e envolveu 70 pacientes em uso de prednisolona numa dose 5 mg/dia por 12 meses ou mais e que tinham alto risco de fratura osteoporótica. Foram considerados critérios para definir o alto risco de fratura a presença de:
- História de fratura de fragilidade ou;
- T-escore -2.5 naqueles com idade 40 anos ou;
- Z-escore -3.0 naqueles com idade < 40 anos ou;
- Alto risco de fratura nos próximos 10 anos calculado pelo FRAX.
O grupo foi dividido em dois: 35 pacientes fizeram uso de 210 mg de romosozumabe; e os outros 35 fizeram uso de 60mg de denosumabe a cada 6 meses. A DMO foi avaliada pela densitometria óssea no basal e após 12 meses.
O aumento da DMO em coluna lombar foi significativamente maior no grupo do romosozumabe (+7,2%) do que no grupo do denosumabe (+2,3%). Embora tenha ocorrido aumento da DMO no fêmur total em ambos os grupos, não houve diferença significativa entre os dois.
Obviamente, o estudo citado trata-se de um piloto e, desta forma, apenas levanta a hipótese de que, talvez, o romosozumabe seja superior ao denosumabe no tratamento da OIG. É preciso, assim, que estudos maiores sejam realizados, não apenas para corroborar os achados reportados como também para avaliar o efeito do romosozumabe sobre o risco de fratura, desfecho mais importante quando estamos falando sobre osteoporose.
Assim, embora o romosozumabe pareça ser promissor, não temos ainda dados suficientes para indicá-lo no tratamento da OIG, nos restando aguardar novos dados de estudos randomizados e maiores.