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Tireoide

Síndrome do eutireoideo doente em pacientes com cetoacidose diabética

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Escrito por Ícaro Sampaio

A síndrome do eutireoideo doente – SED consiste em alterações observadas nos testes de função tireoidiana em pacientes críticos. Não é uma síndrome verdadeira. Essa condição geralmente é observada em pacientes com doenças agudas graves, privação de calorias e após cirurgias de grande porte. A SED é caracterizada principalmente por um nível reduzido de triiodotironina sérica (T3), nível normal ou diminuído de tiroxina sérica (T4) e hormônio estimulante da tireoide (TSH), além de níveis elevados de triiodotironina reversa (rT3).

As alterações dos níveis de hormônio tireoidiano na SED não estão associadas a presença de doença primária da tireoide. A redução do T3 é uma resposta adaptativa ao estresse durante a resposta da fase aguda na doença crítica. Vale ressaltar que a SED é considerada um fator de risco independente para a gravidade da doença e seu prognóstico. Estudos já mostraram que a redução de T3 e T4 previu a gravidade da doença de base e as taxas de mortalidade hospitalar.

Buscando avaliar a prevalência e fatores de risco para a síndrome do eutireoideo doente, pesquisadores chineses analisaram, de forma retrospectiva, os dados clínicos e laboratoriais de 396 pacientes hospitalizados por cetose / cetoacidose diabética entre 2017 e 2020, excluindo aqueles com diagnóstico prévio de disfunção tireoidiana. O estudo incluiu 216 homens e 180 mulheres, com uma média de idade de 57 anos, sendo 90% dos participantes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2).

Os resultados mostraram uma prevalência de 58% da síndrome do eutireoideo doente, sendo de 49% naqueles com DM1 e 92% nos portadores de DM2. A duração da hospitalização e os custos de hospitalização foram significativamente maiores em pacientes com SED em comparação com aqueles que mantiveram um estado eutireoidiano. Como já esperado, coinfecção e lesão renal aguda foram significativamente mais comuns naqueles com SED.

É preciso estar atento às principais alterações laboratoriais observadas na SED e sua correlação com condições graves como a CAD. O conhecimento dessa entidade e do seu caráter transitório permite um manejo adequado dos pacientes, evitando procedimentos e tratamentos desnecessários.

 



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor e Professor do AfyaEndocrinopapers
Professor de endocrinologia da Medcel
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife

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