O excesso de peso está associado com alterações imunológicas, reduzindo a resposta humoral e celular frente a infecções. Nesse contexto, a vacinação tem demonstrado benefícios e pessoas vivendo com obesidade devem ter seus calendários vacinais atualizados seguindo todas as recomendações para a idade.
Recentemente, a Associação Brasileira para o Estudo da Síndrome Metabólica e Obesidade (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) lançaram um documento com orientações sobre a vacinação em pessoas vivendo com obesidade.
Vamos as principais recomendações:
Influenza
– Atualmente, o Ministério da Saúde do Brasil inclui apenas pessoas com obesidade grau III na lista de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais a receberem a vacina influenza em qualquer idade.
– No entanto, adultos com obesidade têm maior risco de hospitalização e de casos graves por influenza, sendo que alguns países consideram a imunização em todos os indivíduos vivendo com obesidade.
– No sistema público brasieiro, é utilizada a Vacina trivalente, porém, para a população de maior risco é recomendada a quadrivalente, sempre que disponível.
– Dose anual. (imunidade de 6 a 12 meses)
– Para pessoas acima de 60 anos, considerar preferencialmente a quadrivalente de alta concentração.
Covid:
– A obesidade, já a partir do grau 1, é um fator de risco independente para desfechos graves após infecção por SARS-CoV-2.
– A vacina tem efetividade similar a aplicada em indivíduos com peso normal.
– Pacientes com obesidade grau 3 são considerados prioritários.
– Todos devem seguir as recomendações de vacinação em vigor.
Hepatite B
– A infecção pelo vírus da hepatite B tem relação com progressão de doença hepática gordurosa, altamente prevalente entre indivíduos vivendo com obesidade.
– Pacientes com obesidade tem menor taxa de soroconversão com o uso da vacina.
– Checar anti-HBs, 30 a 60 dias após a última dose do esquema.
- Anti-HBs > 10 mUI/mL = imunidade
- Anti-HBs < 10 mUI/mL = nova dose de vacina 1 a 2 meses após ultima dose.
- Se persistir < 10 mUI/mL = completar esquema de 3 doses (0, 2 e 6 meses)
- Se persistir < 10 mUI/mL após 6 doses – não respondedor – considerara imunoglobulina específica para a hepatite B em caso de situação de risco.
Tétano
– Indivíduos com obesidade têm menor taxa de soroconversão após uso do toxóide tetânico. Apesar disso, não há recomendação de avaliar imunização ou modificar calendário, mas sim garantir o calendário vacinal adequado.
– Vacina dT a cada 10 anos.
– Gestantes devem receber a vacina dTPa a cada gravidez, a partir da 20ª semana, independente de vacinação prévia.
Pneumocócica
– Os dados correlacionando obesidade e maior risco de complicações de pneumonia são contraditórios (alguns estudos mostram até melhor desfecho na pneumonia bacteriana aguda para indivíduos com obesidade).
– Não há recomendação recomendações específica para o uso de vacinas pneumocócicas para pessoas com obesidade.
Herpes-zoster
– Não há relato na literatura de correlação entre obesidade e risco aumentado de herpes-zoster.
– A vacina segue o calendário habitual, sendo recomendada de rotina a partir dos 50 anos.
Dengue
– Vários estudos apontam apresentações de dengue mais graves e com piores prognósticos em indivíduos com obesidade.
– Apesar disso, não existem, até o momento, recomendações específicas para pessoas com obesidade.
– A SBIM recomenda duas doses da vacina Qdenga®, independente de contato prévio com o vírus da dengue, em pessoas com idade entre 4 e 60 anos. A Dengvaxia®, em três doses, é indicada somente para soropositivos para dengue entre 6 e 45 anos e é contraindicada para imunodeprimidos, gestantes e lactantes.